Porque jamais são humildes, o suficiente, para
nos pedirem desculpa.
Porque qualquer lamento que tenhamos em
relação a elas é transformado numa espécie de ofensa que lhes fazemos.
Porque nada do que lhes possamos dizer parece
fazer com que se ponham em dúvida, a ponto de fazerem diferente, duma próxima
vez.
Porque nos maltratam, dizem elas, porque
gostam de nós.
Porque viram ao contrário todo o mal que nos
fazem para acabarem a despejar sobre nós toda a culpa daquilo que fizeram.
Porque parece que alguma coisa que façam de
mal as “impede” de ser, simplesmente, perfeitas.
Porque são más pessoas; por mais que se
imaginem boas.
Porque nos consideram más por não aceitarmos a
sua maldade e por não gostarmos, “sem condições”, mais delas, a seguir.
As pessoas que se fazem de vítimas são “insuportáveis” porque parecem
viver tão espartilhadas por todas as coisas que as atormentam por dentro que
qualquer “gota de água” de culpa perece levá-las a explodir. Na verdade, vivem
entricheiradas na forma como projectam a culpa que as persegue na culpa que
atribuem aos reparos que lhes fazem. E, por mais solitárias que elas sejam,
estão “bem” é sozinhas. E todos os gestos que as tragam até nós parecem ser
vividos como uma ameaça a uma ideia “triunfante” de não precisarem dos outros
para nada. A não ser para que sejam o caixote do lixo... que elas acham que não
têm.
P' Eduardo Sá
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